sábado, 30 de março de 2019

Coração de Antimatéria


Amor, puro amor
Cósmica estrela
Que me dá força e ardor
Tão célere que ultrapassa a luz
Escapa do horizonte de eventos
Do buraco negro, leva-me ao infinito

Amor, pontiagudo amor
Quão agulha amorosa
Atinge atomicamente
O seu alvo, se espalha
De forma assimétrica
Num átimo de segundo

Amor, gigantesco amor
Revela novos horizontes
Amplia conexões na mente 
Afina as cordas emocionais
Mesmo as mais dissonantes

Amor, enigmático amor
Perante ele, bússolas enlouquecem
Desaparecem os pontos cardeais
Como no triângulo das bermudas
Seus efeitos colaterais tiram o juízo
Sangram a rosa dos ventos

Amor, eterno amor
Que pulsa em meu peito
Com vigor titânico
Explode fluindo nas veias
É capaz de sustentar o mundo
Com sua infindável energia
Coração de antimatéria

terça-feira, 5 de março de 2019

Sombra

Uma sombra me persegue
Está costurada em mim
Quanto mais fujo
Mais próxima ela fica
Mas só na luz
Se revela, enfim

Tempestade

Ó meu Deus, que tempestade!
Quando é que vai cessar?
Sigo navegando em mares revoltos
Como Ulísses na volta ao lar

Desde que nasci
A tempestade aqui sempre esteve
E toda vez que olhava pros céus
Nos velocíssimos raios via Mamãe

Ó meu Deus, que tempestade!
Quando é que vai cessar?
Mas talvez seja melhor que prossiga
É assim que aprendo a navegar




sábado, 2 de março de 2019

Vívido Amor

Te imagino, te imagino
Atravessando o lusco-fusco
Na imagem deste hino
É onde te busco

Aqui eu vasculho, noite adentro
O epicentro daquele tremor
Avanço, enfrento, chego ao centro
Onde pulsa o vívido amor

Revelo o relevo de tuas curvas
Suntuoso santuário de ocultos prazeres
Vou navegando pelo mistério dessas águas turvas
Onde a intuição vale mais que muitos dizeres

Dedilho intensamente as cordas
De teu voluptuoso violoncelo
Calejo meus dedos enquanto transbordas
E em tal frenesi, abre-se um mundo paralelo

Ouço um som melódico e orgásmico
O êxtase hipnótico de uma soprano
O furor quase ectoplásmico
Que me invade como um oceano


Palavras de valor

Escrevo palavras de valor
Percebo que poucos se importam
Não tentam se enxergar nestes versos

Escrevo umas galhofas
Todos riem, se refestelam
Não sabem que o intestino tem neurônios

Escrevo palavras de valor
Valor este que habita
Nas entranhas das entrelinhas

Boneco de barro

Quem és tu pra dor?
Quem és tu pras dores
Que lhe arrefecem
E esbraseiam os sentidos?

Quem és tu pras dores e prazeres
Além dum boneco de barro
Que Prometeu trouxe à vida?

Teu espírito vem de fornalhas estelares
E teu corpo vem da terra lamacenta
Tuas emoções vêm dos mares
E tua mente venta, venta e venta

Tu és um boneco de barro
Feito de claro e escuro
Em ti o comum e o bizarro
São o ovo cósmico que guarda o futuro