sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Umbrais interiores

Estive fraco e incapaz
Imerso no lodo que me habita
Lodaçal de meus próprios umbrais

Umbrais interiores
Infernos autogerados 
Na matriz da alma
Autovalores degenerados
Na diagonal principal
O desafio da equação 

Procurei a harmonia
Em recônditos recantos 
Quis saber onde se escondia
Foi quando descobri os encantos
Exsurgidos de meus sofrimentos

Procurei convicções resilientes
Na escuridão de meus umbrais 
Encontrei flores fluroescentes 
Iluminando as sombras astrais 










quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Poemas esquecidos

Completando poemas esquecidos
Encontrei algumas trilhas
Ocultas no tecido das entrelinhas 
Pontes de Einstein-Rosen 
Nos interstícios das palavras

Adentrei túneis minhoquânticos
Aventurei-me no mundo ao avesso 
Daqueles travessos versos
Através do espelho, tudo invertido

Nos poemas esquecidos
Lembrei-me das memórias universais
Que existem no além-tempo do espírito
Atravessei buracos negros
Noite escura da alma



terça-feira, 10 de setembro de 2019

Mirabolâncias

Vou escrevendo mirabolâncias
Engendrando algumas palavras
Fazendo umas macaquices

Retalho e costuro
Recalibro os parâmetros
Da minha equação schrödingeriana

Parei, pensei, refleti
Abri o inverso da caixa de Pandora
E meu universo
Não foi mais o mesmo de outrora

Aqui tem magia, alquimia vocabular
Basta seguir a trilha de tijolos amarelos
Que leva à casca de noz
Universos paralelos 

domingo, 8 de setembro de 2019

Alquimia vocabular

Letras entrelaçadas
Formam palavras entreletradas
Orações encriptadas
Nascidas de uma semente
Que jamais pode ser decifrada
Por quem não compreende o amor

Um desafio para gramáticos
Que enlouquece matemáticos
Um desaforo para os dramáticos
Mas para os seres da nova era
Algo tão natural e fluídico
Como o sangue em suas veias
Nos veios do quântico verso

28/02/2017

The poet try

The poet try the poetry
The poetry try the poet
To see if they can fit
Each other

The poetry try the poet
With the temptation of the words
To see if the can dance together
The binary star's waltz

The poet try the poetry
To feel the heart beating fast
Writing with blood ink
To feel the rhythm of the last breath
Before all inspirations sink

Palavras acumuladas

Tinham palavras acumuladas
No âmago de meu sistema nervoso
Equilibraram-se fragilmente enquanto puderam
Mas agora desmoronaram, quando despertei de meu sono
Como um castelo de cartas fundado em solo arenoso, ao sabor do mar

Chovem palavras e nem consigo contá-las
As frases vão se alongando elasticamente, sem controle
Vão crescendo até as nuvens, como um pé de feijão encantado
Eu vou apenas descrevendo o fluxo de minha consciência desperta
E por mais que pareça exagero, vou caminhando, sem a nada esperar

E, no limite da corda, vou desacumulando tudo
Vou despejando toda carga na brilhante estrada de sinapses
Esperando, sinceramente, não sobrecarregar com pensamentos
As rodovias mentais de quem porventura ler este vívido dédalo
Minha história em longas frases, cifradas, palavras supra-sentimentais

18/05/2017

domingo, 1 de setembro de 2019

Poeta-alfaiate

Sou poeta-alfaiate
A minha trama é firme
Faço cama de gato
Te pego na minha linha

Eu dou ponto e costuro
De olhos semicerrados
Os meus versos no escuro
Cortam quão gume de navalha

Remendo os furos sinápticos
No tecido da realidade
Reconecto memórias perdidas
Que brilham mais na eternidade

A agulha magnétrica
Gira, gira e torna a girar
Desfibrilha corações desconcertados
Conserta as asas de quem quer voar

E quando a desarmonia
Vem me assombrar na calada da noite
Uso a tesoura, que corta e desfia
E dou-lhe o meu açoite

Até o raiar do dia

Licença Poética

Licença poética
Não tem prazo de validade
Pode expirar a qualquer tempo
Se você não escrever, não poetizar

Sem licença poética
Os versos se tornam garranchos
A inspiração deixa de ser santuário
Torna-se lugar profano

Ter licença poética
É dançar com a verve
Uma dança que borbulha ideias
No caldeirão mental que as ferve

Peço licença às musas e às deusas do destino
Como um bardo que sou, desde tempo antigos
Menestrel cuja cítara nunca deixou de tocar
Trovador que canta em louvor às estrelas

Minha poética nasceu em selvagens versangues
De uma pedra óssea, mas cheia de tutano
De um crânio duro, apinhado de massa encefálica
Morada temporária de um espírito multidimensional