quinta-feira, 28 de junho de 2018

Rebuscar

Ser rebuscado
É pra quem busca
E para sempre rebusca

Mas só rebusca
Quem primeiro rabisca 
Aqueles arrancarrabos criativos




O bardo renascido

Eis que o bardo
(Re)encontrou sua pena
Há muito guardada

E todo o fardo
Daquele diadema
Desfez-se na madrugada

Sua pena esteve cravada
Na rocha arcturiana
E lá, meditando, redescobriu-a

Num brilho dourado, azul e rosa
Sentiu no coração... Um chamado
A trindade da chama ardendo em si





Em cantos

Imaginação não falta
Pra lhe encantar com minha flauta
Noite adentro
Dentro de ti

Decifrar sua melodia 
Em cantos escuros
Deixá-la em prazerosos apuros
Anoitecendo o dia

Em cantos longínquos
Cruzarei nossos encantos
À luz de vagalumes
Nossos corpos
Tornar-se-ão oblíquos

Deus É

Deus É 
Um palíndromo quântico 
De inspiração infindável

Deus É 
Um quebra-cabeça 
De geometria não-euclidiana

Deus É 
A leveza insutentável 
Que não nos cabe decifrar

Poeta-Alfaiate

Sou poeta-alfaiate
De trama firme
Faço cama de gato
Te pego nesta linha

Eu dou ponto e costuro
De olhos semicerrados
No escuro os meus versos 
Ficam mais abrilhantados

A agulha magnétrica
Gira, gira e torna a girar
Desfibrilha corações desconcertados
Conserta as asas de quem quer voar

E quando a desarmonia
Vem me assombrar na calada da noite
Uso a tesoura, que corta e desfia
E dou-lhe o meu açoite
Até o raiar do dia






sexta-feira, 22 de junho de 2018

Tanja

Imaginei uma mulher
De cabelo laranja
Nasceu na suíça
E seu nome era Tanja

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Porta(i)s

Pouco importa
A porta em sua frente
Pois as chaves que carregas
É que comportam mistérios

Com chave cósmicas
Abro porta(i)s estelares
Levo a consciência
A estes lares desconhecidos
Dos quais pouco se fala

Abrir portais 
É transpassar os limites 
De ruptura psico-lógica
Onde a lógica da psique
Distorce a ([bem] dita) realidade



Esvaziamento

Sou um jogador
Sem cartas na manga
Perdi-as ao longo do caminho
Íngreme e escarpado
No horizonte de eventos
Daquela escura estrela

Criei fórmulas secretas
Pra fazer novos ases de copas
E também alguns coringas 
Porque o amor dá umas voltas
Faz mais curvas que a luz
Perpassando um buraco negro

Esgotei minha alquimia
Fiquei sem trocadilhos
Revisei, revisei e mais revisei
Sem no entanto conseguir visar
Como sair da ilha em cruz

Senti um esvaziamento
Nas profundezas da alma
Sangrava a veia poética
E mesmo envolto em calma
Sabia que na ordem alfabética
Um 'Z' se aproximava
Ômega