terça-feira, 27 de agosto de 2019

Versangues (II)

Meus órgãos hematopoiéticos
São onde nasce a poesia
Mais sangrenta e visceral

Ver sangue, eu vejo
E só de ver, sangro versos
Sangro em versangues
Com fluido cérebro-espinhal

Minhas vísceras têm neurônios
Minhas sinapses têm pseudônimos
Meu instinto animal subsiste

Tenho sangue nos olhos
Não por hemorragias, mas por destemor
De tanto ver sangrar palavras pelos poros
Tornei-me quase imortal em minha dor

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